sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Jesus, os Pecadores e os Fariseus


“E aconteceu que, estando Jesus sentado à mesa numa casa, eis que vindo muitos publicanos e pecadores, se sentaram a comer com ele e com os seus discípulos”.
E vendo isto os fariseus, diziam aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores ?”. (Mateus 9 : 10 e 11)


Vaidosos e preconceituosos, os fariseus não toleravam a companhia de pessoas humildes e pecadoras.
Ao avistarem Jesus entre pobres, comentaram com seus discípulos em tom de reprovação que o Mestre se deixava rodear de gente de má procedência.
Jesus, que jamais perdia uma oportunidade para ministrar um ensinamento adequado ao momento, respondeu-lhes: “Os sãos não têm necessidade de médicos, mas sim os doentes”.
E, realmente, como autêntico médico, Jesus curava os doentes do corpo e os da alma, consolava aflitos, orava ao Pai rogando as bênçãos espirituais para os sofredores de todos os matizes.
Tanto quanto no passado, os fariseus modernos apegam-se ao poder temporal, apreciam pompas e honrarias, disputam posição de relevo social e, sobretudo, criticam, difamam o Espiritismo pela simplicidade de seus cultos e por estar, sempre, ao lado dos humildes, dos necessitados e dos sofredores.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com
Maceió, Alagoas (Brasil)


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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O paradigma cliente-fornecedor na Casa Espírita


Determinados teóricos gostam de aplicar o modelo empresarial em tudo. Escola, governo, família, casamento e até nas organizações religiosas, como se fosse uma formula mágica de eficiência e perfeição em tudo o que se faz. Aplicam os conceitos da administração e as regras de mercado sem adaptações, supondo que sejam os mesmos pressupostos aplicados a todas as organizações. Quase um dogma...
Assim como na gerência de uma empresa, onde importam metas, rendimentos e o lucro, aplicam alguns às organizações religiosas esta lógica, fortalecendo entre estas e seus integrantes a relação cliente-fornecedor.
As casas espíritas não estão isentas de serem incluídas nessa lógica. Na literatura, nas falas e nos documentos administrativos, essa visão de mundo se materializa, reforçando uma concepção empresarial que separa em castas trabalhadores e frequentadores.
Reduzem-se as relações – e digo: reduz, pois a relação em uma organização religiosa é muito mais do que isso – a questão de que um oferece um serviço (evangelização, assistência espiritual, palestra) e o outro recebe, consome, avalia e exige a qualidade prometida. Se não gostar, reclama e busca outro fornecedor no mercado. A idéia competitiva se sobrepõe à colaborativa, em rankings informais e disputas infindáveis.
Não vejo problema nenhum em se avaliar pessoas e organizações... O problema é essa relação empresarial, onde, sob o discurso da pretensa eficácia e eficiência, atropelamos pessoas. Temos indicadores de sucesso internalizados vinculados a eventos, quantidades de frequentadores e outros fatores, mensuráveis, mais exteriores. É complexa a importação de conceitos de outros campos, indistintamente. Produto é um conceito fabril... Falamos de resultados como se na tarefa espírita, no mundo das pessoas, todo resultado fosse palpável e imediato.
O aconchego, o ambiente fraterno, a comunhão de esforços são valores da casa espírita que não podem ser esquecidos. E são imensuráveis... A sanha de se avaliar tudo e todos não pode suplantar o desejo de vivenciar e sentir.
Na empresa, o funcionário problemático é descartado, o trabalhador que falha é demitido e o cliente, esse tem sempre razão. É uma relação contratual, de partes, de deveres e direitos mútuos. Para a casa espírita, templo-lar-escola entre dois mundos, devemos construir outros paradigmas de relação, que sejam suportados pelos paradigmas filosóficos aos quais estamos vinculados. Para isso estudamos e refletimos.
Na casa espírita buscamos aproveitar o melhor de cada um, entender as dificuldades e ajudar ao próximo, sem esperar a contrapartida. Entendemos a vida como eterna, sucedendo-se em múltiplas encarnações. A dimensão da prática do bem, reflexiva, não está vinculada à quantidade de bolsas distribuídas e sim à reforma íntima em nós proporcionada. O propósito da casa espírita é a construção do homem de bem!
O problema desse paradigma, sob o manto da miraculosa eficiência, é a segregação de papéis, a profissionalização religiosa, a frieza no envolvimento das tarefas e a burocratização das realizações, escondendo o jogo de poder imbricado nesse modelo.
Terminamos por achar que uma boa casa espírita é aquela que tem instalações físicas de primeira linha, um belo site e grandiosos eventos. Esquecemos a edificação no altar interior, que não se vincula a ostentação no plano concreto.
A missão, a meta da casa espírita, é de difícil mensuração. Falamos de dois planos de vida, de ações que às vezes demoram 20 anos para frutificar ou, ainda, ações de alto risco e de baixo retorno. Não é uma empresa, visando ao lucro, abocanhar outras fatias de mercado ou, ainda, remunerar o investimento de seus acionistas.
Na casa espírita trabalhamos com integração de forças e não na biunívoca relação contratual, do toma-lá-dá-cá. Bem, pelo menos deveríamos... Somos voluntários e não funcionários. Não temos chefes, temos amigos.
É um assunto delicado, mas que merece a nossa profunda reflexão, dando a César o que lhe pertence, inclusive na forma de ver o mundo.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)


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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Bíblia proclama que Jesus morreu na cruz uma só vez


A passagem de Hebreus 9,27 é muito usada erradamente pelos adversários do fenômeno da reencarnação.
Vamos vê-la na íntegra e na sua continuação no versículo 28.
“E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disso, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” O autor leva para o cristianismo a ideia judaica antiga de que os sacrifícios são agradáveis a Deus, com o que Jesus não concorda.
“Basta de sacrifícios, eu quero misericórdia.” (Mateus 9:13; e 12:7 e 33). A ideia central do autor é a de que os sacrifícios antigos eram frequentes porque eram humanos, mas o de Jesus era um sacrifício divino e, portanto, bastava um só, pelo que Ele morreu na cruz uma só vez como o homem morre uma vez só.
Os sacrifícios de animais jamais foram agradáveis a Deus, menos ainda o foram os dos seres humanos, e, principalmente, não o foi o de Jesus. Os espíritos que gostam de sangue são ainda pouco evoluídos, os quais eram frequentemente confundidos com o Espírito do próprio Deus. Daí o surgimento do que eu chamo de teologia do sangue, o que é um grande erro. O Deus verdadeiro não se deleita com sangue.
E a doutrina de que Jesus é também Deus nos leva a pensar que Deus se sacrificou a si próprio para si próprio! Os teólogos, perdidos com suas doutrinas, dizem que Jesus morreu como homem e não como Deus. Mas eles ensinam também que não se pode separar o lado humano de Jesus do seu lado divino. E, com esse argumento, dizem que Maria é Mãe de Deus (“Theotokos”). A verdade é que Jesus morreu na cruz como homem, porque Ele é de fato um Homem.
Retomando Hebreus 9: 27 e 28, o autor, como vimos, quer ressaltar que Jesus morreu uma vez só, como o homem morre uma vez só, depois do que vai a juízo para receber a recompensa ou a pena, de acordo com a lei de causa e efeito ou cármica (Romanos 14:10), pois a cada um será dado de acordo com suas obras, e ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo. Reforça essa verdade o fato de que a Bíblia fala também no Juízo Final, o que demonstra que o juízo particular mencionado não é definitivo, e isso porque o espírito continua a sua caminhada evolutiva através das reencarnações. O juízo particular é como se fosse um subtotal da fita do caixa de um supermercado, pois é de uma parte da existência do espírito. E o Juízo Final é o total dum ciclo, época da separação do joio do trigo. Mas não é para o mal dos espíritos, mas para o bem deles, pois Jesus não é um demagogo que ensina uma coisa e faz outra, contradizendo o seu ensino. Se Ele disse que não devemos julgar, Ele não vai julgar. E é Dele esta afirmação muito conhecida: “Eu não vim julgar o mundo, mas salvar o mundo” (João 12: 47), ou seja, todos, mas é claro, não ao mesmo tempo, o que seria injusto. E confiemos em Jesus, pois, como se diz, Ele não vai pisar na bola!
Na visão antropológica semítica da época em que o livro de Hebreus foi escrito, o homem era visto pelo seu lado fenomênico, material ou de barro. E é desse homem que morre uma vez só e que vive também uma vez só, que sai o seu espírito imortal para ressuscitar no mundo espiritual (Eclesiastes 12:7). E, oportunamente, ele ressuscitará na carne de outro homem que nasce, vivificando-o.
Se Hebreus 9: 27 e 28 condenasse a reencarnação, a misericórdia de Deus deixaria de ser infinita!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo email: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quando o inevitável acontece do Livro: Tensão Emocional


“Se o inevitável acontece, aceita corajosamente as provas em vista, na certeza de que todas as criaturas atravessam ocasiões de amarguras e lágrimas.” 

Vivendo num mundo material, sujeitos que estamos às situações próprias de nosso estágio, onde se incluem acidentes, enfermidades e toda sorte de ocorrências já tão bem conhecidas, estamos sempre expostos ao inevitável que normalmente surge em momento de surpresa. Emmanuel sugere que diante dele, aceitemos corajosamente as provas, sempre lembrando que todas as criaturas atravessam ocasiões de amarguras e aflições. A atitude de coragem diante das ocorrências inevitáveis, e na maioria das vezes muito desagradáveis é providência vital de superação e aprendizado valioso. Para alcançar referido nível de entendimento e armar-se dessa virtude notável, que é a coragem, precisamos entender o que são provas e expiações, nas expressões tão comuns e tão conhecidas no ambiente espírita. O que são provas? O que são expiações? Provas são degraus de aprendizado e crescimento. Foram solicitadas por nós durante o período de planejamento reencarnatório, sugeridas pelos benfeitores espirituais ou enviadas pela Sabedoria Divina para nos colocar “nos trilhos”, quando deles nos afastamos, ou trazer ensinamentos que necessitamos. Objetivo é sempre o aprendizado, que leva ao amadurecimento. Expiações são conseqüências de nossas ações, no passado ou mesmo no presente recente. Conseqüências das lesões que causamos em nós mesmos pelos vícios e condicionamentos e lesões ao próximo com prejuízos morais, sociais, físicos, patrimoniais, emocionais. Todo prejuízo causado a nós mesmos ou ao próximo exige reparação. Esse processo de reparação passa por três fases: arrependimento, expiação e reparação. A expiação é pois, a conseqüência dos males e prejuízos que causamos. Note-se, pois, que um evento externo ou interno que nos atinge – entre eles uma derrocada financeira, uma enfermidade, um acidente, perdas materiais, mortes de entes queridos – podem estar enquadrados em processos provacionais (de aprendizado) ou expiatórios (de conseqüências de prejuízos que causamos) ou dentro de nossas necessidades de aprendizado. Isso pode ocorrer individualmente na família, ou mesmo coletivamente numa cidade, povo ou pátria. Portanto, essas ocorrências inevitáveis tem razão de ser em nossas necessidades de amadurecimento, de aprendizado em determinada área ou como conseqüência de nossas precipitações do passado. Sabendo disso, cabe-nos encará-las como oportunidades também de crescimento. Podemos amadurecer muito com tais ocorrências, se as analisarmos com prudência, cuidado, e especialmente com o interesse de algo aprender com elas. Encará-las com revolta e reclamação, apenas agrava o quadro e ainda somos reprovados nas provas solicitadas – e, portanto aceitas - sugeridas ou enviadas. Para entender bem a questão será oportuno e didático estudar o item 18 – Bem e Mal Sofrer – constante do capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Aprenderemos essa questão com profundidade, para bem aproveitar as situações que nos atingem.”

Matéria extraída do Blog: Orson Peter Carrara

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