terça-feira, 23 de maio de 2017

Cuidado com sua língua… e o teclado também…


Vivemos atualmente tempos de julgamentos dos mais severos. Dirão alguns que já fomos piores, já julgamos mais e com mais severidade, o que quer dizer: estamos melhorando.
Penso, todavia, que a ideia de que já fomos piores faz-nos marcar passo na senda evolutiva porque é um convite a acomodação. Ora, se estamos melhores hoje não há razão para preocupações ou esforço para melhorar ainda mais.
Estamos melhores e isto é o que importa.
Contudo, não é bem assim…
Mas, vamos em frente…
Com o avanço da tecnologia e a chegada das redes sociais na vida do cidadão as opiniões sobre os mais diversos assuntos deixaram o local restrito dos churrascos em família para ganharem o mundo.
Hoje todo mundo sabe de tudo. Se o Juca do Brasil gosta de azul o Ronaldovski da Rússia sabe disto.
Se o príncipe do Castelo Rintintim almoçou caviar o Josué da Albânia está sabendo.
Atualmente poucos são os homens discretos neste mundo que conseguem não opinar sobre tudo, ou, então, não postar uma selfie quando está no restaurante com a família.
E, naturalmente, além das opiniões os julgamentos também são proferidos na mesma velocidade e intensidade.
Hoje todos colocaram a toga a julgar o comportamento alheio sem qualquer constrangimento. A pretexto de liberdade de expressão sentenças são dadas e reputações execradas. Interessante notar: a maioria dos que se arvoram a juízes denominam-se cristãos.
Esquecem, provavelmente, a máxima expressada por Jesus há dois mil anos e anotada por Mateus:

Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII: 1-2).

Allan Kardec vai no mesmo tom de Jesus ao estabelecer a escala espírita e informar que apenas os Espíritos prudentes, isto já na terceira classe, é que podem fornecer um julgamento mais preciso dos homens e das coisas.
Quando estudamos o tema – Escala Espírita – compreendemos que ainda somos Espíritos que pertencem a categoria de imperfeitos. Logo, nossos julgamentos não tem base sólida, porquanto ainda estamos muito apegados aos preconceitos da Terra e, além disto, falta-nos capacidade intelectual e distanciamento emocional para julgar os homens e as coisas.

Vale reflexão:

Quantas vezes nos equivocamos em relação às pessoas?
Quantas vezes já nos pegamos tendo de reconhecer nossa precipitação ao afirmar que fulano é assim ou assado?
As lições de Jesus sobre o julgamento e o trabalho de Kardec na escala espírita são importantes para darem um norte de nossa real condição e, assim, não nos comprometermos pela língua ou o teclado.
Aliás, se antes o homem tinha de tomar cuidado com sua língua, hoje também deve fazer o mesmo com seu teclado.
Coisas da evolução, coisas da evolução…

Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

Imagem ilustrativa

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