quinta-feira, 2 de março de 2017

Profilaxia contra o personalismo


"Aquele que quiser ser maior no Reino de Deus seja servidor de todos." - Jesus (Mt., 20:26)

A humildade esteve sempre regaladíssima na Vida de quantos - realmente - foram os Benfeitores da Humanidade.
João Batista não se considerava digno de atar as sandálias d`Aquele que verdadeiramente é a Luz do Mundo, reconhecendo, mesmo, publicamente, que deveria diminuir-se para que Ele crescesse.
Paulo de Tarso, acostumado às bajulações e ao destaque social, humildemente perguntou ao Mestre, ajoelhado nas escaldantes areias do deserto sírio, às porta de Damasco: "Senhor, que queres que eu faça."
O próprio Cristo, vexilário maior da humildade disse que "Bom é o Pai Celestial", não admitindo tal adjetivo para Si.
O exemplo dessas criaturas e de Jesus, em particular, é um verdadeiro e cristalino libelo à humildade!...
Por que, então, encontramos (inclusive nos arraiais espiritistas) algumas criaturas afeitas ao culto da própria personalidade?
Quem cultua a si mesmo, isto é, possui acentuado personalismo, está na mesma posição daquele empregado que enterrou o talento.
Paulo recomendou certa feita aos Filipenses: (Fil., 2:3)

"Cada um considere os outros superiores a si mesmo."

Através da psicografia de Carlos A. Baccelli, irmão José afirma:

“ A recomendação de que cada um considere os outros superiores a si mesmo é, sem dúvida, profilaxia contra o personalismo, que, onde aparece, destrói as melhores intenções."
Não raro - e com muita tristeza - observamos o deplorável espetáculo oferecido por criaturas que, levadas por seus ancestrais e equivocados atavismos, acoroçoados pelo orgulho e vaidade, se deixam emaranhar nas tredas malhas da falsa modéstia e de mal disfarçada soberba à cata de elogios fáceis. É incompreensível que seguidores da Doutrina de Jesus se entreguem a atitudes tais que, via de regra, eclodem em danosas cizânias, tão prejudiciais aos trabalhos da Seara do Mestre.
Paulo recomenda também aos filipenses que todas as tarefas sejam feitas por humildade e não por espírito de contenda. Para lograr tal desiderato, faz-se mister que todos estejamos imbuídos da sinceridade de sentimentos, "de sorte que haja em nós o mesmo sentimento que houve em Jesus Cristo. "

É ainda Irmão José quem aconselha:

"Questionemo-nos acerca de nossos reais interesses em abraçando a Terceira Revelação. Estaremos interessados em nossa redenção espiritual diante de Deus ou em nossa projeção social aos olhos dos homens?!... Estaremos sinceramente empenhados em nossa renovação íntima, como devemos, ou em somente na mudança exterior que nos convém?!...
Porque, infelizmente, contam-se aos milhares os que ludibriam a si mesmos, imaginando iludir os outros, perdendo a valiosa oportunidade de crescimento interior que a presente reencarnação lhes faculta, entregando-se no Além a infindas lamentações sobre o desperdício do tempo.”

Paulo aconselha aos Coríntios (I Cor., 10:7.): "Não vos façais idólatras."

Não se justifica, pois, a tentativa de substituição dos antigos ídolos inertes pela auto-idolatria.

Aconselha Emmanuel[1]:

"Proscreve do teu caminho qualquer prurido idolátrico em torno de objetos ou pessoas (incluída aí a própria pessoa, acrescentamos), reafirmando a própria emancipação das seculares algemas que vêm cerceando o intercâmbio das criaturas encarnadas com o Reino do Espírito.
Recebemos hoje a incumbência de aplicar na edificação do bem desinteressado, o tempo e a energia que outrora desperdiçávamos, à frente dos ídolos mortos, de maneira a substancializarmos o ideal religioso, no progresso e na educação, prelibando as realidades da Vida Gloriosa."

1 - XAVIER, Francisco Cândido Xavier e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977, Cap. 72, p. 167.

Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br

Muriaé, Minas Gerais (Brasil)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Bagagem


Bias, de Priene (século VI a.C.), um dos sete sábios da antiga Grécia, pontificava por elevados dotes intelectuais. Mais que isso: era íntegro e honesto. Jamais colocou seu talento e sua inteligência a serviço de interesses menos dignos. Diante de questões litigiosas, que exigiam um mediador sábio e justo, dizia-se:

– É uma causa para o cidadão de Priene!

Sua presença conciliatória serenava os ânimos e garantia o triunfo da verdade e da justiça.
Quando Ciro II, o Grande (585-529 a.C.), ambicioso rei persa, iniciou suas guerras de conquista, estabelecendo um dos maiores impérios da antiguidade, as cidades gregas estavam em seu caminho.
Em breve Priene foi sitiada. Instalou-se o pânico. Os moradores trataram de fugir. Em atabalhoado esforço, buscavam levar a maior quantidade possível de pertences. A confusão era enorme. Grande agitação, ânimos exaltados, choro, histeria coletiva…
A exceção: Bias. Deixou a cidade tranquilamente, sem carregar nada. Os amigos estranharam.

– E os seus bens?

O filósofo sorriu, explicando:

– Trago tudo comigo.

Referia-se aos seus valiosos dotes de cultura, conhecimento e virtude. Em qualquer lugar, esses patrimônios inalienáveis lhe garantiriam subsistência honesta e digna.

***

Enfrentamos, na experiência humana, crises periódicas que exigem o resgate do passado ou testam as aquisições do presente.

Moléstia insidiosa.
Acidente inesperado.
Perda de um bem.
Demissão na atividade profissional.
Fracasso de um empreendimento.
Ruptura da ligação afetiva.
Defecção do amigo.
Morte do ente querido.

Sitiados pela adversidade, somos chamados a deixar as posições em que nos acomodamos, à procura de caminhos novos que se desdobram a nossa frente.
Detalhe importante: a crise é também um teste de avaliação. Revela nossa posição espiritual. Dependendo de nossas reações, podemos ser reprovados, com o compromisso de repetir estágios ou ganhar honrosa promoção.

Reclamamos da sorte?
Tropeçamos na inconformação?
Caímos no desânimo?
Mergulhamos no desajuste?

Lamentável!

Superficial é a nossa crença, frágil o nosso ânimo, precária a nossa estabilidade.

Encaramos a adversidade com bom ânimo?
Confiamos em Deus?
Cultivamos a serenidade?
Estamos dispostos a enfrentar o desafio?

Ótimo!

Demonstramos possuir um patrimônio de valiosas aquisições espirituais.
E trazemos “tudo conosco”, a nos sustentar o equilíbrio e a paz, onde estivermos.

Richard Simonetti
http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2017/02/23/bagagem/

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. De família espírita, participa do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, tem mais de cinquenta obras publicadas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Os pais, os jovens, as drogas...


Uma das grandes preocupações do mundo contemporâneo é pertinente as drogas, ou, melhor dizendo, o envolvimento dos jovens, nossos filhos, com elas. E quando o fato ocorre em uma família não raro os pais perguntam-se: Onde foi que eu errei? E mil dúvidas perambulam pela cabeça de toda a família em busca de uma alternativa para a resolução de tão intrincado desafio. E fica outra pergunta: O que eu poderia ter feito para que isso não acontecesse? 
Obviamente que não há uma receita para isto, porquanto os filhos são criaturas dotadas de livre arbítrio, e também não podemos e nem temos condições de vigiá-los 24 horas por dia para que não se envolvam com o mundo dos entorpecentes. E o que fazer? O ideal é sempre antecipar. Dialogar muito com os filhos, interagir, participar de suas vidas e procurar identificar suas tendências. Enfim, aproximar-se do filho, um contato de alma para alma. Esta é, aliás, uma das grandes missões da paternidade ou maternidade. Orientar é a missão. Mas apenas o diálogo resolve, perguntarão alguns? Obvio que não daremos para tão complicada situação uma resposta simplista, de modo a fazer pensar que apenas dialogando iremos livrar nossos filhos das drogas. Todavia, consideremos que o diálogo e a participação na vida desses jovens é fundamental para aproximá-los de nós, abrindo caminhos para que nossos ensinamentos sejam melhor assimilados por eles. Vale ainda destacar que muitos jovens adentram o universo do álcool, por exemplo, bebericando aos 10, 11 anos nos copos de familiares que permitem que tal coisa ocorra. Os familiares dizem apenas: "Sim, você pode tomar um gole de meu copo!" Não há a conversa, apenas a permissividade. Tudo pode, tudo vale! E a criança, de natureza curiosa, quer mesmo experimentar. Mas, como fica se essa criança tornar-se um adulto viciado? Muitos casos assim, de jovens bebericando em copos de familiares acabam dando enorme dor de cabeça não apenas aos pais, mas, à toda sociedade. Observemos. Ora, se sabemos que essas crianças ou jovens podem aderir ás drogas, sejam elas dos tipos que forem, como podemos permitir que convivam desde idade infantil com o álcool que, diga-se de passagem, não deixa de ser uma droga? Deixo para sugestão ao leitor interessante experiência narrada por um amigo. Diz ele: "Tenho dois filhos um menino de 12 e uma menina de 14 anos e todos os domingos realizamos a reunião da família. Nessas conversas domingueiras estamos nos conhecendo mais, eu a eles; eles a mim. Você perguntará: Mas o que isso tem a ver com o tema drogas? Respondo que tem tudo a ver, porquanto - segundo meu amigo - essas reuniões estão desdobrando-se de forma tão agradável que, naturalmente, entra-se na abordagem de diversos assuntos da atualidade, tais como: sexo, drogas, consumismo e por ai vai... "Estamos tendo - diz ele - a oportunidade do diálogo. Estamos nos conhecendo melhor. Abrimos as portas de nossa relação para o diálogo. Pode ser que um deles envolva-se com drogas ou coisas ilícitas, todavia estamos pela ferramenta do diálogo mais próximos uns dos outros". 
Que tal experimentarmos a sugestão do amigo? Ao invés de ficarmos aos domingos assistindo aquela velha lenga lenga televisiva dedicarmos um espaço para a família, aproximando-nos assim dos nossos filhos. Pode ser um caminho para que eles fiquem cada vez mais longe das drogas.
 

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Outra coragem


Quanto mais leio, estudo e pesquiso o rico e incomparável conteúdo oferecido pela Doutrina Espírita, mais me alarga o horizonte de entendimento da outra coragem e disposição que precisamos desenvolver em nós mesmos para a harmonia interior que buscamos, com vistas às finalidades de viver e de atingir os altos objetivos fixados pela grandeza de Deus e suas soberanas leis.
Em todos os tempos, mártires e lideranças dos vários desafios que a vida apresenta no complexo relacionamento humano, entre os seres de uma mesma família ou nos intercâmbios entre as diversificadas culturas dos países, tiveram iniciativa, disposição e coragem no enfrentamento dos preconceitos, dos abusos de toda ordem (considere-se aqui de toda ordem mesmo, desde os de poder, da escravidão, da prepotência ou da ganância, da vaidade e tantos outros), da corrupção, enfermidades, das invenções, guerras e nas diversas situações construídas pelo egoísmo que ainda nos domina o comportamento.
Por força dessa situação, há que surgir aqueles que colocam a “cara para bater” nesses enfrentamentos advindos da coragem honesta, sincera, que muda os paradigmas da dominação ainda presentes no planeta.
Todavia, os grandes clássicos da literatura espírita nos fazem pensar na outra coragem, sempre esquecida e tão necessária para alterar completamente os doloridos quadros vividos no planeta.
Trata-se do enfrentamento de nós mesmos, nas imperfeições que todos carregamos. Isso significa, no entender da notável Amália Domingo Soler – que foi orientada em toda sua obra pela grandeza e nobreza do Espírito Germano –, melhorar nossos hábitos e costumes (depois de prévio e consciente exame de nossos próprios atos, bons e maus), estabelecendo um regime progressivo em harmonia com as aspirações do Espírito humano, opondo-se à propagação do mal e propugnando pela desinteressada prática do bem, segundo suas próprias palavras, aqui adaptadas em transcrição parcial e constantes do capítulo VIII – Conhecer-te a ti mesmo, do livro A luz do caminho.

Ela afirma no início do capítulo: “Cada um é o redentor de si mesmo (…) e para chegar a ser um verdadeiro apóstolo do progresso é preciso antes de tudo redimir-se (…)”. E acrescenta com sabedoria: “(…) Tão importante é ao homem aprender a conhecer-se a si mesmo como saber porque está na Terra, de onde vem, para onde vai (…)”.

O que mais me chamou atenção, todavia, está na seguinte afirmação, razão da presente abordagem: “(…) Se para progredir intelectualmente foi preciso lutar com a coragem dos heróis e dos mártires, há de ser menos para progredir moralmente? (…)”.

Na reflexão dessas duas linhas estão incluídas todas as lutas para vencer preconceitos e dominações de todo tipo, gerando mártires em todos os tempos e fazendo a humanidade avançar no entendimento de nossa igualdade e no respeito que se deve ter com a liberdade.
Pois a coragem é a mesma. É a coragem da iniciativa, da decisão, do planejamento, da perseverança, só que para enfrentamento de nossas próprias imperfeições. É a luta pela conquista das virtudes, é a dominação do orgulho, é a dispensa do egoísmo, é a renúncia aos pontos de vistas próprios em favor da paz coletiva, é o reconhecimento do valor alheio, em detrimento da vaidade e arrogância que ainda nos caracteriza. É, enfim, silenciar a agressividade, raivas, rancores, e atender à consciência, amar o dever.

Por isso a clássica pondera: “(…) Ao homem do mundo falta descobrir um simples, mas profundo segredo. (…) É aprender a conhecer-se a si mesmo. (…)”

A abordagem é notável e não cabe num único artigo. Há muito mais no precioso capítulo, mas deixamos um dos trechos para concluir: “(…) Todos nós, sem exceção, estamos doentes do espírito (…) Perguntemo-nos sempre: Que falta cometi hoje? (…)”.

E pondera que quanto mais afundados estamos nos vícios dos maus comportamentos (aí incluídos também o melindre, o orgulho próprio ferido e a teimosia rebelde), menos enxergamos o ridículo de nossos próprios comportamentos perante a finalidade maior de progresso oferecido pela vida.
Portanto, essa é a outra coragem: do enfrentamento de nós mesmos, virtude que atrairá o amparo e presença dos benfeitores espirituais, pois é exatamente a nova postura que nos aproxima deles para nossa harmonia interior.

Orson Peter Carrara
www.orsonpcarrara.com.br

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

Imagem ilustrativa

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Terapia de vivências passadas ganha pesos pesados da ciência


Os maiores adversários do espiritismo e da reencarnação foram os médicos, psicólogos e a Igreja. Hoje, por ironia, são os médicos, os psicólogos e os católicos que mais os aceitam.
Foi o coronel francês Albert de Rochas que, em 1893, deu início às pesquisas sobre regressão de memória, expondo-as em “Les Vies Successives” (“As Vidas Sucessivas”), em 1911. Atualmente, há milhares de pesos pesados da Ciência que se dedicam à Terapia de Vivências Passadas (TVP) e à pesquisa da reencarnação.
Nos Estados Unidos, a psicóloga Dra. Edith Fiore, com doutorado na Universidade de Miami, disse: “Você esteve aqui antes” e “A terapia da reencarnação é a chave”; Dra. Elisabeth Kubler-Rosss, médica especialista de pacientes terminais e de “experiências de quase morte”; Dr. Raymond A. Moody, especialista, também, em “experiências de quase morte”, autor do best-seller “Life after Life” (“Vida depois da Vida”; Dr. Bruce Goldberg, de Baltimore, autor de “Vidas Passadas e Vidas Futuras”; o teósofo Jonh Algeo, autor de “Investigando a Reencarnação”; e o Dr. Ian Stevenson, diretor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Virgínia e autor de “Vinte Casos sugestivos de Reencarnação” e de outra obra científica fantástica de 2.300 páginas, com pesquisas em 40 países, em dois volumes, ainda não lançada no Brasil; No Brasil: Dra. Maria Teodora, psiquiatra de Campinas (SP) e presidente da Sociedade Brasileira de Terapia de Vivências Passadas (SBTVP); Aqui em MG: Dr. Luís Benigno, Dr. Luís Braga, e o psicólogo Luís Fróis dirigem a SBTVP, há também o Instituto Nacional de Terapia de Vivências Passadas (INTVPA), com sede no Rio de Janeiro (RJ); na Inglaterra, o Dr. Alexander Kannon, terapeuta da TVP, com diplomas de 9 universidades europeias, autor de “The Power Within” e que comanda uma equipe de cerca de 70 psiquiatras e psicólogos especialistas em TVP, os quais já curaram centenas de milhares de pessoas; deixemos que o Dr. Alexander nos fale: “Durante muitos anos, a “Teoria da Reencarnação” foi um pesadelo para mim. Esforcei-me ao máximo para invalidá-la, chegando até mesmo a discutir com meus pacientes em transe ... Agora com mais de mil casos investigados, tenho de admitir que a reencarnação existe.”; e J. G. Bennet, físico, matemático, filósofo e autor de “O Eneagrama”; na França, o Dr. Patrick Drouot, físico, filósofo, parapsicólogo e terapeuta da TVP, autor de, entre outros livros, “Reencarnação e Imortalidade”; do Canadá, Dr. Joel L. Witton, catedrático de psiquiatria da Universidade de Toronto e que lançou com seu colega Dr. Joe Fisher “Vida – Transição – Vida”; Na Índia, o catedrático universitário de parapsicologia Hamendra Barnejee, autor de “Extra Cerebral Memory”; na Rússia, atualmente, o mais importante parapsicólogo russo Vasiliev; na Bélgica, o cardeal Mercier; e na Itália, os cardeais Passavalli e Nicolau de Cusa.
E alguns papas eram reencarnacionistas, entre eles: Eugênio IV (1431 a 1447); Nicolau V (1447 a 1455) e são Gregório Magno (590 a 604).
Detalhes sobre esta matéria em meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, Ed. EBM-Megalivros, SP, e em “Estudos e Crônicas”, de Hermínio C. Miranda, FEB, DF.
E terminamos com o Mestre de todos nós (Mateus 11: 14 e 15), ao se referir a João Batista (Mateus 11: 14 e 15): “E se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça.” 

N O T A 

A presente crise brasileira está realmente atingindo as atividades de muitos setores do nosso país. Nós espíritas e simpatizantes do Espiritismo façamos, pois, um esforço extra para ajudarmos a Rádio Boa Nova e a TV Mundo Maior a darem a volta por cima nessa crise que, lamentavelmente, as atinge de cheio.
Precisamos fazer alguma coisa  para que esses dois grandes veículos midiáticos possam continuar mantendo no ar  a sua programação normal, que  é indispensável  para a difusão dos postulados espíritas.
Se sabemos que a maior caridade que podemos fazer para com a Doutrina dos Espíritos codificada por Kardec é a sua divulgação, então, está na hora, pois, de nós cumprirmos o nosso dever, fazendo o que pudermos para com essas duas instituições, que representam os  maiores veículos do mundo de divulgação da nossa querida Doutrina. Vamos, portanto, agir, a partir de agora, fazendo o que pudermos para salvá-las!

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870.

Imagem ilustrativa 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Você é uma Boa Notícia em sua Família?


Allan Kardec ensinou que “Fora da caridade” não há salvação. Pois bem, entenda-se salvação aqui não no sentido literal, mas como uma maneira leve de se viver, que permite a paz de consciência e fé no futuro. Logo, aquele que pratica a caridade está salvo, portanto, com sua consciência em paz, podendo, aliás, dormir o “sono dos justos”.
Mas, o que seria caridade, já que ela estende-se ao infinito e vai desde doar uma cesta básica ao necessitado até um simples e terno sorriso dirigido ao amigo aflito. E, mais: a quem praticar esta caridade para sermos salvos?
Encontramos belo e farto material pertinente à caridade em O Evangelho segundo o Espiritismo. Basicamente são duas formas de caridade: material e moral. A caridade material é a mais simples de ser feita, porém, não menos valorosa. Um dinheiro que ofertamos ao pedinte, uma carona a quem necessita, um lanche oferecido ao faminto são maneiras de praticar a caridade material.
Já a caridade moral é um pouco mais complexa, porquanto mexe com pontos mais densos de nosso ser. Como calar em face da acusação impiedosa? Como deixar de comentar sobre as impertinências de alguns familiares nos famosos churrascos de família? Teríamos a generosidade necessária para orar por aqueles que nos prejudicaram?
Perceberam porque a caridade moral é a mais difícil de ser praticada?
Já respondemos, então, o que é caridade, esta abençoada capacidade que nos proporciona a paz de consciência.
Agora respondamos: a quem praticar esta caridade?
Qualquer um em sã consciência diria que esta resposta é “mamão com açúcar”. Claro, a caridade deve ser praticada a todos, sem distinção. E concordo. Contudo, convenhamos: muito mais simples praticar a caridade para aqueles que estão longe, distantes, porquanto desconhecemos suas limitações, falhas e dificuldades, logo, não colocamos tantos empecilhos.
Um pouco mais complicado praticar a caridade, principalmente a moral, para quem está perto, ou seja, ao próximo mais próximo, porque conhecemos sua história de vida, sabemos de suas imperfeições e impertinências.
Perdoar a palavra áspera do irmão, lavar a louça para a mãe, orar pelo marido que, segundo analisamos, não nos dá atenção necessária, constituem-se em interessante exercício de caridade e faz-nos trabalhar o orgulho e a vaidade que ainda estão em nós.
Eis que, praticar a caridade ao próximo mais próximo além de trabalhar a harmonia no seio familiar é oportunidade de melhor nos conhecermos, pois nossas reações em face das ações dos outros revelam muito de nós mesmos.
Veja quem tem ouvidos para falar…
Com o próximo distante temos um pouco mais de tolerância, como não estamos sempre juntos, somos gentis, educados, temos o verniz social.
Mas com nossos familiares, não raro, esquecemos da gentileza, da boa palavra, de compreender suas inconveniências. Esquecemos de calar, de emprestar nossos ouvidos e de sermos em suas vidas uma Boa Notícia, uma Boa Nova.
Vale analisarmos se somos uma Boa Nova para nossos familiares. Quando chegamos num evento de família, ou numa roda de conversa, o que será que dizem a nosso respeito?
– Puxa, lá vem o Wellington, esse cara é legal, bacana, sempre uma palavra amiga e confortadora.

Ou:

– Puxa, lá vem o Wellington, esse cara é um chato, está sempre desanimando os outros, só o tolero porque é meu irmão.

Será que somos uma Boa Nova ou uma Má Notícia?
Ser feliz em família, portanto, é um enorme desafio. Exercitar a caridade com nossos familiares é uma tarefa urgente, até porque pode ser que, por trás daquela rusga, daquele mal humor constante estejam nossas marcas do passado, nossa “colaboração” para a falência daqueles que hoje estão mais próximos a nós. Aliás, quem pode, com segurança, afirmar que fulano, sicrano ou beltrano foram ou não nossos afetos ou desafetos do passado?
Então, diante do esquecimento temporário vale optar pela educação no trato em família, pelo respeito aos que estão mais próximos, não deixando que a convivência estreita venha azedar a relação.
Sendo educados, cordatos, compreensivos, enfim, sendo caridosos com nossos familiares teremos maiores chances de eliminar mal entendidos do passado remoto ou não, e assim sermos felizes em família, porque, definitivamente, isto é possível.

Aliás:

Você é uma Boa Notícia em sua família?

Nota do Autor:
Extraído do livro Ser feliz em família, de Wellington Balbo e Pedro Camilo.

Wellington Balbo
Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

Fonte:http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2016/12/24/voce-e-uma-boa-noticia-em-sua-familia/

Imagem do livro

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Resoluções


1 – “Ano Novo, vida nova”, prega o velho aforismo. É possível, realmente, fazer da passagem do ano um divisor de águas, buscando uma vida nova?
Quando elegemos determinada data para o esforço de renovação, estamos debitando ao futuro algo que deve acontecer no presente. Se não queremos cair na vacuidade, é importante usar um aforismo bem mais consistente: Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.

2 – Digamos que o fumante se conscientize de que o cigarro lhe faz mal e se proponha a marcar data para largar de fumar. Não é interessante ter um tempo para preparar-se?
Se estivesse realmente consciente de que o cigarro lhe faz mal, pararia imediatamente, sem debitar ao futuro a iniciativa. Quando temos a ideia, mas não a consciência, frágil é o desejo de mudar. Mark Twain (1835-1910), grande escritor americano dizia, jocoso: Largar de fumar é a coisa mais fácil do mundo. Eu mesmo já larguei mais de cem vezes.

3 – Não obstante, não seria importante uma reflexão natalina, avaliando o ano que se finda e cogitando do que pretendemos fazer no novo ano? Isso não favoreceria mudanças?
Todo empenho nesse sentido é válido, mas seria melhor que fizesse parte de um contexto, no esforço permanente de renovação, como um corredor que avalia quanto já correu, enquanto segue em frente, buscando a meta a ser alcançada.

4 – Segundo Santo Agostinho, há um momento em que a alma humana atinge a percepção dos valores espirituais, o que lhe inspira a disposição legítima para a renovação. Chama esse acontecimento de “iluminação”. Ele próprio o experimentou. Poderíamos situar essa iluminação como uma graça divina?
Com semelhante ideia estaríamos admitindo que Deus tem seus preferidos, seus eleitos, o que não é compatível com a justiça. A iluminação, aquele momento decisivo, em que o Espírito tem a percepção dos caminhos que lhe compete seguir, é fruto de nosso amadurecimento como Espíritos imortais, no desdobramento das existências.

5 – Como situaríamos Francisco de Assis nesse contexto?
Ele já era um Espírito iluminado quando reencarnou com a gloriosa missão de motivar o movimento cristão para um retorno à primitiva pureza. Consta que teria sido um dos discípulos de Jesus, provavelmente João Evangelista.

6 – A iluminação decorre de amadurecimento do Espírito ou é algo que pode ser atingido com o nosso esforço? Não somos vegetais à espera do tempo para crescer, florescer e frutificar. Somos seres pensantes, cuja maturidade está subordinada a esse esforço. Espíritos há que permanecem séculos dominados por vícios e imperfeições. Outros caminham mais rapidamente. O fumante inveterado não é pior nem mais atrasado que aquele que deixou o vício. Apenas não se dispõe ao mesmo esforço. Depende de cada um.

7 – Como fazer para nos libertarmos de nossas limitações, do acomodamento, de forma a nos iluminarmos mais depressa?
Jesus dizia (João, 8:32): Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. No atual estágio evolutivo nos é impossível uma visão da verdade em plenitude. Mas podemos assimilar parcela dela. Nesse particular o Espiritismo é imbatível, oferecendo-nos uma ampla visão das realidades espirituais, de onde viemos, para onde vamos. Sobretudo, a Doutrina nos conscientiza de que é preciso caminhar, a fim de não sermos atropelados pela dinâmica da evolução, que impõe corretivos dolorosos aos que pretendem estagiar na inércia.

8 – Qual a resolução mais importante em relação à progressão anual no calendário, no chamado Ano Novo?
Essa resolução deve ser tomada desde já, o propósito de fazer do ano em que estamos, um ano aceitável do Senhor, segundo a expressão de Jesus (Lucas, 4:19), o glorioso tempo em que estejamos empenhados em aceitar em plenitude a orientação do Mestre em favor de nossa iluminação para a conquista da paz, o tempero da felicidade.

Richard Simonetti
Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. De família espírita, participa do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, tem mais de cinquenta obras publicadas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Na porta

O amigo Valdinei, de Santa Catarina, publicou em seu facebook um texto encontrado na porta de um consultório médico. Pela lógica apresentada, é muito oportuno trazer aos leitores. Valdinei é autor do notável livro Segredos do Tempo, empolgante romance publicado pelo IDE de Araras-SP. Agora que a humanidade ilumina-se pelo Natal, o texto é bem um belo convite de renovação dos sentimentos. 


Vejam:

Texto na porta de um consultório médico:

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma.
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as dúvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.
O câncer mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.
E as dores caladas? Como falam em nosso corpo?
A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.
O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos.
Existem semáforos chamados Amigos.
Luzes de precaução chamadas Família.
Ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão.
Um potente motor chamado Amor.
Um bom seguro chamado FÉ.
Abundante combustível chamado Paciência.Mas há um maravilhoso Condutor e solucionador chamado DEUS!!!

Orson Peter Carrara 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Estudando a série de André Luiz


Conduta Espírita / André Luiz / (Parte 20)

Damos prosseguimento ao estudo sequencial do livro Conduta Espírita, obra de autoria de André Luiz, psicografada pelo médium Waldo Vieira e publicada em 1960 pela Federação Espírita Brasileira.
Questões preliminares 

A. Para termos um sono tranquilo, qual a recomendação de André Luiz?

Devemos prepará-lo por meio da consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de nos entregarmos ao repouso normal. A inércia do corpo – lembra-nos André Luiz – não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. (Conduta Espírita, cap. 30.)

B. A respeito dos sonhos, que atitude tomar?

É preciso encará-los com naturalidade, sem nos preocuparmos aflitivamente com quaisquer fatos ou ideias que se reportem a eles. Há mais sonhos em vigília que no sono natural. Existem naturalmente diversos tipos de sonhos, mas a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. (Conduta Espírita, cap. 30.)

C. Chamados a depor nos tribunais humanos, como devemos pautar-nos?

Em harmonia com os princípios evangélicos, compreendendo, porém, que os irmãos incursos em teor elevado de delinquência necessitam, muitas vezes, de justa segregação para tratamento moral, do mesmo modo que os enfermos graves requisitam hospitalização para o devido tratamento. Diante das Leis Divinas, somos juízes de nós mesmos. (Conduta Espírita, cap. 31.)

Texto para leitura

257. Perante os sonhos – Encarar com naturalidade os sonhos que possam surgir durante o descanso físico, sem preocupar-se aflitivamente com quaisquer fatos ou ideias que se reportem a eles. Há mais sonhos em vigília que no sono natural. (Conduta Espírita, cap. 30.)
258. Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição. (Conduta Espírita, cap. 30.)
259. Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades da existência em preocupação viciosa e fútil. Objetivos elevados, tempo aproveitado. (Conduta Espírita, cap. 30.)
260. Acautelar-se quanto às comunicações inter vivos, no sonho vulgar, pois, conquanto o fenômeno seja real, a sua autenticidade é bastante rara. O Espírito encarnado é tanto mais livre no corpo denso, quanto mais escravo se mostre aos deveres que a vida lhe preceitua. (Conduta Espírita, cap. 30.)
261. Não se prender demasiadamente aos sonhos de que recorde ou às narrativas oníricas de que se faça ouvinte, para não descer ao terreno baldio da extravagância. A lógica e o bom senso devem presidir a todo raciocínio. (Conduta Espírita, cap. 30.)
262. Preparar um sono tranquilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregar-se ao repouso normal. A inércia do corpo não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. (Conduta Espírita, cap. 30.)
263. Admitir os diversos tipos de sonhos, sabendo, porém, que a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. O Espírito encarnado e o corpo que o serve respiram em regime de reciprocidade no reino das vibrações. (Conduta Espírita, cap. 30.)
264. Paulo recomendou a Timóteo: “E rejeita as questões loucas...” (II Timóteo, 2:23.)

265. Perante a pátria – Ser útil e reconhecido à Nação que o afaga por filho, cumprindo rigorosamente os deveres que lhe tocam na vida de cidadão. Somos devedores insolventes do berço que nos acolhe. (Conduta Espírita, cap. 31.)
266. No desdobramento das tarefas doutrinárias, e salvaguardando os patrimônios morais da Doutrina, somente recorrer aos tribunais humanos em casos prementes e especialíssimos. Prestigiando embora a justiça do mundo, não podemos esquecer a incorruptibilidade da Justiça Divina. (Conduta Espírita, cap. 31.)
267. Situar sempre os privilégios individuais aquém das reivindicações coletivas, em todos os setores. Ergue-se a felicidade imperecível de todos, do pedestal da renúncia de cada um. (Conduta Espírita, cap. 31.)
268. Cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais, empenhando-se desinteressadamente na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos. Um ato simples de ajuda pessoal fala mais alto que toda crítica. (Conduta Espírita, cap. 31.)
269. Quando chamado a depor nos tribunais terrestres de julgamento, pautar-se em harmonia com os princípios evangélicos, compreendendo, porém, que os irmãos incursos em teor elevado de delinquência necessitam, muitas vezes, de justa segregação para tratamento moral, quanto os enfermos graves requisitam hospitalização para o devido tratamento. Diante das Leis Divinas, somos juízes de nós mesmos. (Conduta Espírita, cap. 31.)
270. Nunca adiar o cumprimento de obrigações para com o Estado, referendando os elevados princípios que ele esposa, buscando a quitação com o serviço militar, mesmo quando chamado a integrar as forças ativas da guerra. Os percalços da vida surgem para cada Espírito segundo as exigências dos próprios débitos. (Conduta Espírita, cap. 31.)
271. Expressar o patriotismo, acima de tudo, em serviço desinteressado e constante ao povo e ao solo em que nasceu. A Pátria é o ar e o pão, o templo e a escola, o lar e o seio de Mãe. (Conduta Espírita, cap. 31.)
272. Substancializar a contribuição pessoal ao Estado, através da execução rigorosa das obrigações que lhe cabem na esfera comum. O genuíno amor à Pátria, longe de ser demagogia, é serviço proveitoso e incessante. (Conduta Espírita, cap. 31.)
273. Fechando o cap. 31, André Luiz reproduziu a conhecida advertência feita por Jesus: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Lucas, 20:25.) (Continua no próximo número.)

Marcelo Borela de Oliveira
marceloborela2@gmail.com
Londrina, PR (Brasil)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

No juízo final, ovelhas receberão diplomas, mas cabritos tomarão bomba


Os teólogos antigos ensinavam um Deus antropomórfico. E, ao invés de tomarem o atributo de Deus Todo-Poderoso para o amor e para o bem, tomavam-no para o mal, o ódio e a vingança, longe, pois, do Deus Pai amoroso ensinado por Jesus.
Os teólogos, quando se deparavam com uma dúvida sobre uma interpretação bíblica, diziam “isso é perigoso”, isto é, tal interpretação poderia trazer o risco de um castigo de Deus ou da Igreja da época da Inquisição, se ela estivesse contra o sentido verdadeiro da Bíblia ou de algum dogma católico.
E, hoje, a Igreja tem duas correntes, a dos teólogos conservadores e a dos inovadores. Os primeiros ainda mantêm as ideias erradas antigas sobre Deus e o destino ameaçador para os Espíritos humanos. Já a corrente dos inovadores prega uma visão otimista sobre um Deus de amor e de um destino incondicional de felicidade perene para todos os Espíritos humanos. Infelizmente, a maioria dos dirigentes religiosos de outras igrejas cristãs mantém ainda aquela antiga teologia cristã errada e amedrontadora da Igreja do passado. Isso, às vezes, lamentavelmente, como meio de explorarem mais facilmente os seus fiéis. E esses dirigentes religiosos são ajudados por outros que são sinceros, mas que se tornam inocentes úteis daqueles dirigentes exploradores mercenários, prejudicando, assim, a marcha do evolutivo e verdadeiro Cristianismo, que é o de um Deus de amor e não de ódio e de vingança.
É muito conhecida a passagem evangélica da separação das ovelhas dos cabritos (Mateus 25: 32 a 41), no final dos tempos. Trata-se de um dos mais importantes textos figurados dos evangelhos. As ovelhas representam as pessoas vitoriosas, enquanto que os cabritos, as fracassadas, pois não passaram no curso das escolas durante as reencarnações. E, usando ainda uma linguagem escolar, diríamos que elas tomaram bomba!
Para uma corrente católica baseada em doutores em teologia, entre eles o holandês Jonh Kông, da Arquidiocese de Belo Horizonte, o inverno na Palestina é muito forte. As ovelhas, protegidas pela sua espessa camada natural de lã, podem passar, tranquilamente no tempo, as noites frias. Já os cabritos, com sua pele fina, à noite, têm que ser recolhidos nos currais, pois, ao relento, poderão morrer de frio. Os cabritos simbolizam os Espíritos humanos frágeis ou doentes da alma que tomaram bomba, precisando, pois, de uma acolhida especial, enquanto que os verdadeiros cristãos, já libertos espiritualmente, representados pelas ovelhas, não precisam dessa acolhida especial. É isso que Jesus quis dizer com a separação dos cabritos das ovelhas.
Essa passagem nos lembra daquela em que Jesus afirma que os doentes é que precisam de médicos (Mateus 9: 12). Realmente, os cabritos, pela sua natureza de pele frágil para enfrentar o rigor do frio, de algum modo, são doentes. E ela nos lembra também daquela em que Jesus diz que o bom pastor procura a sua ovelha perdida “até que ela seja encontrada” (Mateus 18: 12), ou seja, até que seja salva.
Esses ensinamentos estão de acordo com o que o excelso Mestre nos ensinou: Deus quer que todos se salvem (João 6: 39). E eles se igualam aos da Doutrina Espírita, que prega também a salvação, um dia, para todos os Espíritos.
E quem será totalmente vitorioso? O Deus verdadeiro, o “satanás”, ou os pregadores de um Deus falso, antropomórfico e do terror?

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Reforma íntima, já!


“E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai para que não entreis em tentação”.¹

No Monte das Oliveiras, o crepúsculo anunciava a chegada da noite, momento sublime convidando à meditação. Jesus, na companhia de Simão Pedro, João e Tiago, alcançou o monte para viver a derradeira hora com os discípulos amados. Sabia que ali mesmo seria preso, sentenciado e condenado ao calvário.
Solicitou o Mestre aos companheiros que permanecessem em oração e vigilância, junto com ele, para que tivesse a glorificação de Deus no supremo testemunho. Afastou-se e, colocando-se em prece, a pequena distância, pôde ser observado em toda sua sublimidade por aqueles corações que o ouviam e amavam.
Narra Lucas¹ que, sem motivo que pudesse ser explicado, os três adormeceram no decurso da oração, enquanto Jesus orava fervorosamente, mesmo diante de tão grande dor que se avizinhava.
Pensemos um pouco: O sono, conhecido por nós, é necessário para o refazimento das nossas energias físicas. Ele é indispensável à vida humana a fim de restaurarmos as condições orgânicas para a continuação da nossa vida material. Obviamente o ensino de Jesus não se referia a ele.
Essa passagem evangélica remete-nos, assim, a duas reflexões que devem ser expostas por estarem ligadas à nossa condição atual de eternos aprendizes da Sabedoria Divina. A primeira é uma chamada à conscientização das tarefas que estão sob nossos cuidados. Diz Emmanuel² que o aprendiz do Evangelho deve ser “o campo de trabalho do Reino, onde se esforçará, operoso e vigilante, compreendendo que o Cristo prossegue em serviço redentor para o resgate total das criaturas” – “Nenhuma das ovelhas de meu Pai se perderá”.
Todavia, não ignoramos a presença de inúmeros companheiros – e quantas vezes nós próprios! –com atividades alicerçadas nos ensinamentos cristãos a permanecerem dormindo nas conveniências pessoais, geralmente ligadas a interesses mesquinhos, nas vaidades efêmeras. Os chamamentos transitórios iludem-nos e fazem com que o tempo seja gasto em futilidades. Malbaratamos as oportunidades valiosas que nos são oferecidas para nosso crescimento espiritual e permanecemos voltados apenas para as questões pessoais que nos afetam o cotidiano.
O Mestre fala, então, de um sono diferente. Refere-se o Excelso Amigo ao sono da indiferença, do descaso, do comodismo, da invigilância, diante dos deveres que nos competem.
Com propriedade, ainda, lembra Emmanuel que “falam do Cristo, referem-se à sua imperecível exemplificação, como se fossem sonâmbulos inconscientes do que dizem e do que fazem, para despertarem tão só no instante da morte corporal, em soluções tardias”.² Somos os discípulos de hoje que esquecem o mandato do qual somos portadores, que se inquietam pela rápida execução dos seus desejos e caprichos, procurando aproveitar cada momento da existência como se fosse o último, acreditando que os dias correm depressa demais, sem tempo para tantos prazeres materiais a serem experimentados.
Esquecemos que a vida é eterna e que o tempo no corpo físico, ante essa eternidade, é quase nada. E ao despertarmos no mundo espiritual, obreiros distraídos que somos, os trabalhadores ausentes de suas obrigações, sob a cobrança das próprias consciências, choramos e clamamos pelo reencontro da paz do Cristo. “A minha paz vos dou. Não a paz do mundo, mas a minha paz.”
Assim, como Jesus, ao ver os discípulos dormindo, lhes disse: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai para que não entreis em tentação”, também o discípulo invigilante ouve, nos refolhos da sua consciência, a voz do Senhor dizendo a Pedro: “Então, nem por uma hora pudeste velar comigo?” ³. E se não conseguimos, ainda, permanecer uma hora com o Cristo, na prática dos seus ensinamentos, como pretender a união com Ele para sempre?
Todo cristão sabe que a Terra só se libertará do império do mal se todos nós, trabalhadores do bem, ajudarmos Jesus com nossos recursos. Mas, para que isso ocorra, Ele precisa de auxiliares que cumpram seus deveres, nas atividades diárias e justas, como exemplos vivos, dando testemunhos em toda parte.
Somos, meus irmãos, os Lázaros modernos a quem o Cristo chama: Acorda! Levanta! Sai!
Acorda para a consciência de que és um ser espiritual, imortal, criado por Deus para viver na plenitude do Seu Amor.
Levanta dessa ociosidade que te prende às algemas materiais, que te limita a mente e te engessa no passado.
Sai do egoísmo que te bitola a visão do cosmo e te faz imaginar que és o centro do Universo.
Sai do “eu” fantasioso e amplia a mente para tudo que esteja ao teu redor, seja estrela, seja homem.
Abandona a velha estrutura que te mantém atado a valores antigos de cor, religião, posição social, e entrega-te a Deus, como ser cósmico que és,ser divino com luz própria e infinitas capacidades de voar para a felicidade plena.
Meus irmãos, Jesus desceu à Terra para deixar uma mensagem que tem, na sua essência, um alerta à necessidade de transformação das nossas predisposições íntimas, em relação à vida, com vistas ao nosso aprimoramento moral e espiritual.
Sem essa modificação, ficaremos, simplesmente, estacionados nos caminhos da vida, convivendo e praticando todas as espécies de vícios, de desregramentos, endurecendo nossos corações aos ensinamentos benditos.
E o maior problema que enfrentamos com esse sono da alma é a nossa imensa disponibilidade para as coisas materiais e a total falta de tempo, vontade, interesse, de disposição, de jeito para as coisas do Espírito. Com uma vida repleta de contradições, com diferentes tipos de sentimentos negativos a fazer morada em nós, é esperado que nos defrontaremos na vida espiritual, quando deixarmos o corpo físico, com as dificuldades de não termos amealhado os tesouros imperecíveis do céu: valores morais, valores perenes.
Dissemos que havia duas reflexões sobre a narrativa de Lucas e Mateus. Vamos encontrar a segunda, num conto de grande beleza,de Humberto de Campos.4 Diz o querido Instrutor Espiritual que, após o episódio do Horto das Oliveiras, onde dormira com seus companheiros – não atendendo ao pedido de Jesus para a oração e a vigilância –, no momento em que o coração amoroso do Mestre mais necessitava de assistência e afeto, João, o filho de Zebedeu, implorava, em lágrimas, que Ele perdoasse seu descuido da hora extrema.
“Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava os centros vitais. Como numa atmosfera de sonho, verificou que o Mestre se aproximava. (...) Precedendo suas palavras do sereno sorriso dos tempos idos, disse-lhe Jesus:

– João, a minha soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados no mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença! Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!...” 4
Assim, necessário se faz que, enquanto nos encontrarmos no corpo físico, não durmamos em espírito, desatentos aos convites de Jesus. É fundamental para nossa proteção e sustentação que nos levantemos e nos esforcemos, porque é “no sono da alma que se encontram as mais perigosas tentações, através de pesadelos ou fantasias”.²


Bibliografia:

Texto de apoio para a palestra – Quando Jesus teria sido maior? – Paulo Alves Godoy, 2ª ed., FEESP Editora - Reforma Íntima, Já! 1990 – p. 133 

1 – Lucas, 22:46.
2 – EMMANUEL (Espírito) – Caminho Verdade e Vida – [psicografado por] F.C.Xavier – FEB-Rio de Janeiro/RJ – 17ª ed., 1997 – Lições 87 e 88.
3 – Mateus, 26:40.
4 – CAMPOS, Humberto de (Espírito) – Boa Nova–[psicografado por] F.C.Xavier –FEB – Rio de Janeiro/RJ – 25ª ed., 1999 – Cap. 27.

Leda Maria Flaborea

ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)


Imagem ilustrativa

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Desvio de foco


Perguntemo-nos, sem cessar, sobre os objetivos do Espiritismo, para permanecermos como tarefeiros comprometidos com os altos objetivos da presença do Consolador no planeta, que visa – em essência – melhorar nosso padrão moral, estimular a legítima fraternidade na vivência do Evangelho de Jesus e manter o cumprimento das Leis Morais tão bem apresentadas em O Livro dos Espíritos, por meio de criaturas esclarecidas e comprometidas com o bem geral da Humanidade.
Esse questionamento permanente é importante para não desviarmos o foco da tarefa espírita. Os desafios todos, atualmente em curso nas dificuldades do movimento espírita, provém do desconhecimento doutrinário e do uso do ambiente espírita para objetivos incoerentes com a legítima grandeza da Doutrina Espírita. Senão vejamos:

Desviamos o foco quando colocamos em plano secundário o estudo espírita que orienta e esclarece o frequentador, ajudando-o na superação das dificuldades próprias e formando trabalhadores para o bem geral;

Desviamos o foco quando introduzimos práticas estranhas ao Espiritismo, prejudicando o andamento e fluir natural do conhecimento que constrói adeptos esclarecidos que estudam e se esforçam por agir conforme se esclarecem;

Desviamos o foco quando transformamos a tribuna em locais de projeção pessoal ou para defesa de ideias pessoais incompatíveis com a Doutrina Espírita;

Desviamos o foco quando o personalismo nos domine e nos tornamos tiranos na condução das instituições sob nossa responsabilidade, considerando-nos exclusivos detentores da razão e pretensos dominadores da liberdade alheia;

Desviamos o foco quando transformamos nossas instituições em cópias perfeitas de outras práticas religiosas  – embora o respeito que mereçam – por meio de músicas, rituais, gestos, roupas e condicionamentos que tornam os adeptos dependentes de práticas distantes da clareza e naturalidade prática espírita;

Desviamos o foco quando condicionamos a prática espírita em práticas esdrúxulas de rituais, roupas especiais, apetrechos ou utensílios totalmente dispensáveis;

Desviamos o foco quando afirmamos que o estudo é dispensável ou que já sabemos tudo e somente valorizamos o passe ou a reunião mediúnica como, distanciando-nos de outras atividades;

Desviamos o foco quando não valorizamos o movimento espírita e achamos que apenas a “nossa casa” é importante, desvalorizando esforços alheios e permanecendo indiferente com o que outros confrades e instituições realizam;

Desviamos o foco quando nos portamos dependentes das comunicações espirituais, creditando a supostos mentores aquilo que nos compete realizar;

Desviamos o foco quando a vaidade ou a prepotência nos domine;

Desviamos o foco se não prestarmos atenção se o que estamos fazendo, seja em apresentações artísticas, pela música ou teatro, por exemplo, não observamos a coerência doutrinária, que nos pede prudência e respeito pelos próprios postulados do Espiritismo para não cairmos nos caminhos da vulgaridade ou do fanatismo;

Desviamos o foco nas disputas e em discussões absolutamente dispensáveis;
Desviamos o foco quando nossos esforços se concentram mais na obtenção de recursos do que na divulgação, no estudo e na própria vivência espírita.

Tais desvios, gradativamente, levam a deturpações lamentáveis, que causam desunião, afastamentos e graves prejuízos ao real entendimento e autêntica vivência da Doutrina Espírita. Há sempre que se considerar que a CAUSA ESPÍRITA é muito maior que a CASA ESPÍRITA, apesar da importância desta. As casas representam os esforços humanos somados aos esforços dos espíritos e a CAUSA ESPÍRITA é a causa de Jesus, requerendo espíritas conscientes e trabalhadores do bem geral.
Estejamos atentos. O momento que vivemos é grave e decisivo na condução do próprio futuro de todos nós.
Temos nas mãos o tesouro do conhecimento espírita. Como desviá-lo de seus reais e altos objetivos? Assumiremos essa responsabilidade?
Universidade do Espírito, o Espiritismo possui o mais alto grau de sabedoria para nos conduzir com precisão. Substitui possíveis cursos de autoajuda, liberta-nos de condicionamentos, estimula-nos a alegria de viver e motiva-nos ao bem. Como conciliar espíritas tristes, autoritários,  ou casas deprimidas com a grandeza do Espiritismo?
Basta pensar que os desvios citados, entre outros que podem ser acrescentados, representam apenas falta de conhecimento do que seja Espiritismo e sua finalidade.
Vamos estudar? Começando pelas obras básicas da Codificação, que mais que nunca, precisam estar no cotidiano de nossas reflexões para não cairmos no ridículo perante a própria consciência, devido aos desvios que ocasionamos com os nossos descuidos...

Orson Peter Carrara

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Reorganização do blog


Infelizmente já há alguns dias a GOOGLE retirou sem nenhum aviso prévio todos os links que davam acesso a uma infinidade de materiais de vídeo, áudio, bibliotecas da literatura espírita, entre inúmeros outros recursos para estudo sistematizado da doutrina. Nunca houve nenhum impedimento em nível de autorização por parte dos outros sites, somos todos unidos em prol da divulgação, até mesmo a GOOGLE  ainda fornece os mesmos gadgets que eu utilizei para criar a pagina ora referida.
Sendo assim peço desculpas aos que utilizavam esses recursos, estarei verificando uma nova solução para realocá-los, acredito que por ser gratuito este serviço da GOOGLE, eles limitaram a quantidade de espaço, vou reorganizar o blog, mas estarei publicando os artigos semanais.

Sem mais,

Alencar Campitelli

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Não fique atolado no passado


O passado constitui a base para a edificação do presente,
com os olhos postos na felicidade do futuro 

“Aceite o passado como passado, sem negá-lo ou descartá-lo. Tenha suas lembranças, mas não viva no passado.” -      Morrie Schwartz 

Morrie Schwartz estava morrendo... Durante mais de três décadas fora um daqueles professores que marcam especialmente a vida dos alunos. Ensinou Sociologia na Universidade Brandeis, em Waltham, Massachusetts, por 35 anos, antes de aposentar-se...
Pouco antes de morrer, já completamente paralisado sobre o leito, depois de inglória luta contra uma insidiosa enfermidade conhecida pelo nome de esclerose lateral amiotrófica (ELA), ou doença de Lou Gehrig, ditou suas reflexões, enfeixadas no livro intitulado: “Lições Sobre Amar e Viver”, da Editora Sextante, do qual extratamos parte do capítulo cinco:

“(...) Viver no momento presente não significa rejeitar o passado; significa reagir a qualquer coisa que esteja ocorrendo agora. Se ficarmos pensando no passado, estaremos presos a ele em termos emocionais. Não são só os idosos ou pessoas com doenças graves que têm motivos para remorsos. Todos nós, no correr da vida, em algum momento pensamos: ‘se ao menos eu tivesse agido assim; se ao menos eu me tivesse casado com aquela pessoa; se ao menos eu tivesse dado aquele passo na minha carreira’. Se nos deixamos dominar por esses pensamentos, ficamos atolados no passado, o que é um grande desperdício de tempo. Em vez disso, olhemos para o passado e perguntemos: o que posso aprender com ele? Como ele pode me ajudar aqui e agora?”

APRENDA A SE PERDOAR E A PERDOAR OS OUTROS...

“(...) O perdão enternece o coração, esgota o rancor e dissolve a culpa.”

M. Schwartz.

A epígrafe acima tem o mesmo sentido daquela proferida por José, Espírito protetor, registrada há décadas no livro terceiro da codificação espírita[1]: “(...) sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue; ao passo que o rigor desanima, afasta, irrita!...”

Completa M. Schwartz: “(...) somos excessivamente rigorosos conosco mesmos pelo que não realizamos ou pelo que deveríamos ter feito. O primeiro passo é perdoar-se por tudo aquilo que você não fez e que deveria ter feito, assim como por tudo o que fez e que não deveria ter feito. Livre-se da culpa. Sentimentos negativos não fazem bem a ninguém. A melhor forma de lidar com eles é perdoando-se e perdoando os outros.
O perdão é um termo difícil. Ele não significa apenas um pedido de desculpas, embora o remorso pelo que se fez sem dúvida faça parte dele. Podemos querer reparar o erro, se possível, mas há algumas circunstâncias em que não há nada mais que se possa fazer. Mesmo quando não temos como fazer as pazes com alguém, é preciso dizer a nós mesmos: é, fiz isso, e teria sido melhor se não tivesse feito, mas agora quero me perdoar por ter cometido esse erro.

O perdão nos ajuda a entrar em harmonia com o passado. Aprendi a me perdoar e isso me ajudou a não sentir mais tristeza ou remorsos profundos acerca do meu passado”.

UTILIDADE PRÁTICA DO PASSADO

“(...) Há uma diferença fundamental entre usar o seu passado e chafurdar nele” – continua explicando ainda M. Schwartz – “digamos que eu tenha tido uma experiência com uma pessoa grosseira e que eu tenha retribuído com grosseria, mas que não queira mais agir dessa forma. Posso usar aquela experiência para desenvolver uma atitude diferente, sempre que alguém não for simpático comigo. Se eu não gostei da minha reação no passado, posso mudar minha atitude de resposta.

Podemos examinar o nosso passado, tirar proveito dos nossos sucessos e aprender com nossos erros sem nos julgarmos. Essa é uma hora excelente para passar a vida em revista, reparar erros, identificar arrependimentos e encará-los com desapego, procurar harmonizar relacionamentos não resolvidos e acertar assuntos pendentes.”
Consoante a Doutrina Espírita, ainda existem outros motivos pelos quais é de toda a conveniência o esquecimento do passado: lá pelos meados do século XIX, Allan Kardec[2] e os Espíritos Superiores escreveram: “(...) o homem não pode e tampouco deve saber tudo. Deus, em Sua infinita sabedoria, assim o quer. Esquecido o passado, ele é mais senhor de si... Em cada nova existência, o homem dispõe de mais inteligência e melhor pode distinguir o bem do mal. Onde o seu mérito se se lembrasse de todo o passado? Quando o Espírito volta à vida anterior (a vida espírita), diante dos olhos se lhe estende toda a sua vida passada: vê as faltas que cometeu e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teria evitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então uma existência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provas análogas às que não soube aproveitar, ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu. Tendes essa intuição no pensamento, no desejo criminoso que frequentemente vos assalta e a que instintivamente resistis, atribuindo, as mais das vezes, essa resistência aos princípios que recebestes de vossos pais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa voz, que é a lembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de que já vos fizestes culpados. Em a nova existência, se sofre com coragem aquelas provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos, ao voltar para o meio deles.
Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.

(...) Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-nos-ia sobremaneira; em outros nos exaltaria o orgulho, peando-nos, em consequência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta: a voz da consciência e os pendores instintivos. 

Acrescentemos que, se nos recordássemos dos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos dos outros homens, do que resultariam talvez os mais desastrosos efeitos para as relações sociais. Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é que sobre ele um véu seja lançado.
(...) Mergulhado na vida corpórea, perde o Espírito, momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Esta revelação, porém, só os Espíritos superiores espontaneamente lha fazem, com um fim útil, nunca para satisfazer a vã curiosidade.
As existências futuras em nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do modo por que o Espírito se sairá da existência atual e da escolha que ulteriormente faça.
O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de tê-las conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão.
O homem não conhece os atos que praticou em suas existências passadas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, não pelo que é, sim, pelas suas tendências. As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro. Depuram-nos e elevam-nos, se as suportamos resignados e sem murmurar...
A natureza dessas vicissitudes e das provas que sofremos também nos pode esclarecer acerca do que fomos e do que fizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos de um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei”.

O ínclito Codificador aduz com sua habitual lucidez[3]: “(...) em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores.
Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu[4], nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Mas, pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.
Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça”.
“O passado merece ficar soterrado, constituindo a base para a edificação do presente, com os olhos postos na felicidade do futuro”.


[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. X, item 16, § 5º.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, questões: 392 a 399.

[3] - Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo.  104. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, cap. V, item 11.

[4] - Mt., 16:27.

Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

Imagem ilustrativa